Neste mês de maio, a revista Mulher, fez uma emocionante homenagem ás mães. A matéria, que tinha como título “Suzana Incal: semeando a vida”, contou a história de uma mãe guerreira que usou a dor e o sofrimento de seu filho como uma alavanca para ajudar o próximo.
Com a perda precoce de seu marido, a empresária Suzana Incal descobriu que seu filho, com então 10 anos de idade, tinha um problema congênito do coração que poderia levá-lo à morte.
A doença em questão é denominada Displasia do ventrículo direito, que é caracterizada por uma infiltração de tecido adiposo no ventrículo e fibrose, que por sua vez leva a diminuição da espessura da parede e dilatação da câmara cardíaca. Afeta cerca de 6 em cada 10.000 indivíduos.
Inicialmente, não se sabia como seria a evolução da doença. O transplante não foi a primeira opção. “Tudo era um susto, não sabíamos o que aconteceria a cada dia da vida do Renato, se ia dar certo e que tudo realmente era uma corrida contra o tempo”, relembrou Suzana na matéria.
Mas infelizmente a vida de Renato começou a mudar devido à evolução nada animadora da doença. Ele não podia ter uma vida normal de uma criança de 10 anos, uma vez que atividades físicas eram proibidas.
Com o tempo, a única solução plausível passou a ser o transplante. Suzana relembra na entrevista que quando descobriu que esta seria a única solução houve uma mistura de sentimentos dentro dela. “A sensação é de um buraco no coração e, ao mesmo tempo, existia um alívio por saber que existia uma solução para aquela tristeza de vida que ele estava levando sem poder fazer nada do que tinha vontade de fazer, ou seja, de não poder levar uma vida normal para um menino de sua idade”, relata.
A partir daí, começou outra batalha para a família: a espera por um doador compatível com Renato. Foram oito meses na fila de espera pelo órgão.
Com a espera, a saúde de Renato se agravava a cada dia. Para a mãe, o pior momento foi o dia em que o filho pediu a ela que doasse seu coração para ele, até que aparecesse um doador compatível.
Após oito penosos meses, o doador compatível finalmente apareceu. “Chorei muito na hora em que recebi a notícia de que tinham achado um doador compatível com o Renato. Ao mesmo tempo em que estava aliviada, tinha medo”, conta Suzana.
Mesmo com o estado gravíssimo de Renato, o transplante foi um sucesso, vencendo o índice de rejeição (que é de aproximadamente 10%) e também o perigo de outras complicações que ele já vinha sofrendo em função da doença.
Suzana lembra que, passada a cirurgia, veio uma fase de adaptação para seu filho: passar a viver como transplantado. “Foi uma outra fase, que também não é fácil”. É uma escada de subidas e descidas, tivemos problemas a enfrentar pós transplante, mas graças a Deus conseguimos superar”, relata Suzana.
E todos os obstáculos foram superados com maestria. E foi daí que a família decidiu usar a experiência vivida para ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo drama. Surgiu assim a campanha “Doe Órgãos Salve Vidas”. “Depois de tudo que passamos dentro do hospital, percebemos o quanto era necessário as pessoas se informarem, se conscientizarem mais a respeito do que é uma doação”, conta.
Com a vida voltando ao normal, Suzana arregaçou as mangas e se empenhou em divulgar a campanha, trabalho que faz magistralmente até hoje.
Atualmente, Renato leva uma vida normal como a de qualquer jovem de 19 anos. Faz atividades físicas, terminou o ensino fundamental e se prepara para prestar vestibular.
Vale lembrar que, no Brasil, o financiamento de toda e qualquer doação de órgãos é coberta pelo SUS e é proibido que se cobre por procedimentos para a realização de um transplante. Exames para entrada na lista de espera, internação, cirurgias e até a medicação contra rejeição é fornecida por toda vida, pelo Sistema.
A matéria na íntegra é de autoria de Ana Sampaio e pode ser lida na Revista Mulher, Ano 1, edição n°2, 2011.
A revista tem distribuição gratuita em Avaré
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