quarta-feira, 29 de junho de 2011

LIVRO FALA SOBRE O "MERCADO VERMELHO" DA VENDA DE ÓRGÃOS

Enquanto os mercados negros comercializam bens ilegais como armas e drogas, o “mercado vermelho”, diz o jornalista Scott Carney em seu novo livro revelador e um tanto impreciso, comercializa carne humana – rins e outros órgãos, córneas, sangue, ossos e óvulos. Muitos dos exemplos da vida real que ele cita nesse volume aterrador fazem o leitor lembrar de um filme de terror, ou do romance devastador e distópico de Kazuo Ishiguro “Never Let Me Go” (2005), no qual ele fica sabendo que um grupo de crianças são clones criados para “doar” partes do corpo para transplante.

Em “The Red Market” [“O Mercado Vermelho”], Carney conta a história de uma batida policial, na propriedade de um produtor de leite de uma pequena cidade indiana de fronteira, que libertou 17 pessoas confinadas em barracos que disseram ter seu sangue retirado pelo menos duas vezes por semana. “A fábrica de sangue”, como foi chamada pela mídia local, “supria uma porcentagem considerável” do sangue utilizado pelos hospitais da cidade, diz ele no livro.

Carney também investiga o comércio de ossos na Índia -- país que, por quase 200 anos, foi “a principal fonte de ossos usados em estudos médicos no mundo” -- e tenta acompanhar o chefe de uma quadrilha de assalto a túmulos em Bengala Ocidental, que, de acordo com a polícia, roubava corpos de cemitérios, necrotérios, e piras funerais e empregava “quase uma dúzia de pessoas nos vários estágios da preparação dos ossos, desde a retirada a carne até sua preservação”.

Editor que contribui com a revista “Wired”, Carney escreve com um considerável ímpeto narrativo, jogando na cara do leitor a miséria do que ele testemunhou com paixão e detalhes viscerais. A maior parte da reportagem de Carney está centrada na Índia (onde ele morou e trabalhou por uma década), enquanto aborda apenas por alto o tráfico de órgãos humanos em outros pontos críticos do mundo como a Filipinas e o Brasil.

Em um capítulo Carney descreve um campo de refugiados empobrecido na Índia, para sobreviventes do tsunami de 2004, que era conhecido como Kidneyvakkam, ou Vila do Rim, por causa da quantidade de pessoas que haviam vendido seus rins a traficantes de órgãos para levantar fundos desesperadamente necessários. Os “traficantes”, escreve ele, “costumam citar um pagamento alto -- de até US$ 3 mil por cirurgia -- mas normalmente pagam apenas uma fração do preço oferecido depois que a pessoa passou pelo procedimento. Todos aqui sabem que é um golpe. Mesmo assim as mulheres chegam à conclusão de que um golpe é melhor do que nada”. Para essas pessoas, ele acrescenta, vender órgãos “às vezes parece a única opção que têm em tempos difíceis”; pessoas pobres do mundo inteiro, em suas palavras, “com frequência veem seus órgãos como um fundo de garantia crítico.”

Perto do final do livro Carney observa que “os mercados vermelhos criminosos e sem ética são bem menores do que o sistema legítimo”. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ele escreve, “cerca de 10% dos transplantes de órgão do mundo são obtidos no mercado negro”. Mas ele enfatiza que “os mercados vermelhos estão maiores, mais alastrados, e mais rentáveis do que em qualquer outro momento na história”, e que “a globalização tornou impressionantes a velocidade e a complexidade desses mercados”.

As alegações mais alarmantes citadas no livro vêm de um relatório de 2006 divulgado por David Kilgour, um ex-membro do Parlamento canadense, e pelo advogado de direitos humanos David Matas, que sugeriu que órgãos vitais (incluindo rins, córneas e fígados) estavam sendo coletados em grande escala de membros executados da Falun Gong, uma seita espiritual banida na China. O governo chinês negou as alegações.

“Ninguém está dizendo que o governo chinês foi atrás da Falun Gong especificamente por causa dos órgãos”, diz Carney, “mas parece ter havido uma forma conveniente e lucrativa de dispor deles. Dissidentes políticos perigosos foram executados enquanto seus órgãos criaram uma fonte confortável de renda para hospitais e cirurgiões, e presume-se que muitos importantes oficiais chineses tenham recebido órgãos”.

Carney não conseguiu verificar o relatório de Kilgour-Matas de forma independente. Por isso, sua abordagem geral aqui tende a ser seletiva e muito baseada em casos específicos, focando-se em histórias de horror como o sequestro de um menino indiano que, segundo a polícia, foi levado para um orfanato “que pagava em dinheiro por crianças saudáveis” e depois “as exportava para famílias desconhecidas no exterior”.

Na visão de Carney, “eventualmente, os mercados vermelhos têm o terrível efeito colateral social de fazer a carne ascender -- e nunca descer -- pelas classes sociais. Mesmo sem um elemento criminoso, os mercados livres irrestritos agem como vampiros, sugando a saúde e a força de guetos de doadores pobres e enviando suas partes para os ricos”.

Seu livro é repleto de histórias angustiantes nas quais os destituídos e desesperados acabam sacrificando seus corpos em troca de poucos dólares que não conseguem mudar suas vidas.

Em um capítulo, Carney escreve que a maioria de doadores de óvulos do Chipre -- que “tinha mais clínicas de fertilidade per capita do que qualquer outro país” -- vinha de uma população relativamente pequena de imigrantes pobres do leste europeu que estavam “ansiosas por vender seus óvulos a qualquer preço”. Uma doadora do Chipre provavelmente recebe algumas centenas de dólares por seus óvulos, estima Carney, enquanto os compradores -- normalmente da Europa ocidental -- pagam de US$ 8 mil a US$ 14 mil pelo serviço completo da implantação do óvulo com fertilização in vitro no Chipre, “cerca de 30% menos do que nas clínicas mais baratas do mundo ocidental”.

A globalização também levou o que Carney chama de “indústria do turismo da fertilidade” para a Índia, onde, diz ele, “a gravidez de substituição, conhecida como 'barriga de aluguel' foi legalizada em 2002 como parte de um grande esforço para promover o turismo médico”. Na Clínica de Infertilidade Akanksha (que foi mostrada num segmento do programa “Oprah”), as mães de aluguel, que ganham entre US$ 5 mil e US$ 6 mil, vivem em unidades residenciais, onde “passam a gravidez inteira trancadas a chave”. A clínica cobra entre US$ 15 mil e US$ 20 mil pelo processo inteiro, diz ele, “enquanto que num punhado de estados norte-americanos que permitem a gravidez de substituição, trazer uma criança à vida pode custar entre US$ 50 mil e US$ 100 mil”.

“Antes da índia, só as classes altas norte-americanas podiam pagar por uma barriga de aluguel”, escreve Carney. “Agora está quase ao alcance da classe média. Embora a gravidez de substituição sempre levante questões éticas, o crescimento do setor torna o assunto bem mais urgente. Com centenas de novas clínicas prestes a abrir, a economia da gravidez de substituição está avançando muito mais rápido do que a compreensão de suas implicações.”

Ao abordar essas questões éticas em seu livro horrendo, porém fascinante, Carney obriga o leitor a pensar sobre os problemas morais gerados pelos avanços da medicina. Seu livro também nos pede para reavaliar os papéis que a privacidade, o anonimato e o altruísmo desempenham no atual “sistema de comércio de carne” -- que, embora seja tão perturbador de contemplar, está sujeito, assim como os sistemas de outros produtos, às equações brutais da oferta e demanda do mercado.

Matéria de Michiko kakutani para o The New York Times
Tradução: Eloise De Vylder
 Fonte: Uol Notícias - Internacional - 19/06/2011





























quarta-feira, 22 de junho de 2011

FALSAS CRENÇAS DIFICULTAM A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL, AFIRMAM MÉDICOS

São Paulo - Mais de 36 mil pessoas aguardam hoje no País a tão esperada notícia de que um órgão ou tecido que tanto precisam está disponível para transplante. Este é o caso de Reginaldo Padilha, que se enche de esperança toda vez que um helicóptero pousa no terraço do Instituto do Coração (InCor), onde está internado há quatro meses, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Por conta de seu delicado estado de saúde, Padilha está entre os pacientes prioritários na lista de espera nacional, mas o único coração que apareceu até o momento não era compatível com o seu organismo.

Uma das principais razões da dificuldade enfrentada por Padilha e pelas milhares de pessoas que aguardam um transplante, na avaliação de especialistas, é a falta de informação a respeito do assunto. Em razão de crenças infundadas, aliadas à diminuição das campanhas na mídia, muitas famílias se negam a autorizar a doação dos órgãos dos parentes que faleceram e, dessa forma, deixam de transformar um momento de dor em esperança de vida para outras pessoas.

O cirurgião cardiovascular Fernando Platania, médico de Padilha, aponta as falsas crenças como uma das principais razões que prejudicam o aumento do número de doadores no País. "Vejo esse problema sim, sobretudo entre a população mais humilde, por conta da falta de entendimento e da desconfiança no sistema público."O médico, que também é coordenador do Departamento de Cardiologia do Hospital Ana Costa, em Santos (SP), destaca que um dos temores mais citados é com relação à morte cerebral. Para algumas famílias, o fato de o coração ainda bater após a declaração de óbito pode significar que a vítima ainda está viva e pode ter salvação. O que não é verdade.

Para o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Ben-Hur Ferraz Neto, esse temor se deve à falta de informação clara às famílias. "É diferente para um leigo ter essa compreensão, porque o coração ainda bate, mas às custas de aparelhos e com o único objetivo de manter os outros órgãos viáveis para transplante", explica.

A morte cerebral só é dada como certa depois de exames clínicos mostrarem que o paciente não tem mais reflexos cerebrais e que está incapacitado de respirar por si próprio. Também são realizados testes para confirmar ausência de fluxo sanguíneo e de atividade cerebral. "A legislação brasileira é extremamente rigorosa a respeito da morte cerebral", diz Ferraz Neto.Além do receio quanto à morte cerebral, há outros temores que levam as famílias a negar as doações, como o medo da deformação do cadáver, o temor de que os órgãos serão vendidos no mercado negro e a desconfiança de direcionamento e privilégio dentro do Sistema Nacional de Transplantes. 

Ferraz Neto relata até mesmo a negativa de autorizar a doação pelo temor de que o morto precise do coração "para uma outra vida". "Acabam doando até os outros órgãos, mas não o coração", conta.Em caso de morte cerebral, aparelhos mantêm o coração pulsando para que os órgãos sejam preservados para a doação. No entanto, esse estado não pode ser mantido por muito tempo, e se o coração parar, ele e os outros órgãos ficam impossibilitados para o transplante, porque perdem oxigenação. Se isso acontece, a esperança de vida daqueles que aguardam um órgão na fila diminui drasticamente. Então, apenas tecidos - pele, córneas e medula óssea, entre outros - ainda podem ser doados.

Apesar da longa batalha, Padilha, que está com 47 anos, não perde a esperança e faz planos concretos para o futuro. "O que eu mais quero é voltar à minha vida normal. Quero voltar às minhas caminhadas na praia em Santos, voltar a trabalhar. E mais, ir ao supermercado sem sentir falta de ar".Desejos simples para um caso tão complexo. Ele sofre de miocardiopatia dilatada idiopática, que faz com que seu coração cresça exageradamente. Para executar os seus planos futuros, Padilha depende da solidariedade das famílias que podem optar pela doação de órgãos.

Humanização

O coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Heder Murari Borba, reconhece a "grande influencia que o pequeno esclarecimento da população" tem sobre a decisão das famílias. Mas alega, também, que outro fator importante de inibição da doação de órgãos é o mau atendimento que muitos pacientes enfrentam nos hospitais. "Se a pessoa for atendida de maneira humanizada é muito mais fácil a abordagem dos agentes para solicitar o órgão", afirma.

As ações, segundo Borba, devem se concentrar em campanhas que esclareçam as famílias sobre o assunto. "As campanhas devem mostrar a segurança que o processo de transplante envolve e que impossibilita o comércio de órgãos, já que envolve muitas pessoas e exames genéticos", diz. E continua: "Além disso, é preciso frisar o aspecto emocional nas campanhas, mostrando que aquele momento de dor das famílias pode se transformar em alegria para outras pessoas."As campanhas, aliás, têm relação direta com o crescimento do número de doadores de órgãos no País. 


O presidente da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), Francisco Neto de Assis, cita o caso da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, assassinada pelo ex-namorado em outubro de 2008, após ser mantida refém, em Santo André (SP). Coração, pulmão, rins, pâncreas, fígado e córneas ajudaram a salvar vidas. Coincidentemente, a média mensal de transplantes no Estado de São Paulo aumentou 30% naquele mês. "Quando há campanha, ou quando o assunto está na mídia, dá para notar o aumento de doadores", diz.

Matéria de Wladimir D´Andrade
Fonte: Uol Notícias - Ciência e Saúde 13/06/2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"DOE ÓRGÃOS" NA FESTA JUNINA DO COLÉGIO ANGLO

A Campanha Doe Órgãos Salve Vidas foi divulgada na Festa Junina dos alunos do Colégio Anglo.

A equipe distribuiu folhetos informativos e montou uma boutique para a venda de produtos da campanha.

A renda será destinada as casas de apoio que abrigam pessoas transplantadas ou que estão na fila de espera por transplantes.



Matéria de Wilson Roesener

sexta-feira, 17 de junho de 2011

MÃE SE PREPARA PARA DOAÇÃO INÉDITA DE ÚTERO PARA FILHA SEM ÓRGÃOS REPRODUTIVOS

Uma empresária de 56 anos que vive na Grã-Bretanha se prepara para ser a primeira mãe no mundo a doar o útero para sua própria filha.

Eva Ottosson, de 56 anos, e sua filha, Sara, participam de uma série de exames médicos e psicológicos junto a uma equipe de cientistas da Universidade de Gotenburgo, na Suécia.

Os exames determinarão se elas poderão participar do primeiro transplante de útero realizado em humanos pelos pesquisadores, que deverá acontecer em 2012.

Sara, de 25 anos, é portadora da Síndrome de Mayer Rokitansky Kuster Hauser, que fez com que ela nascesse sem o útero e parte da vagina. Ela pretende tentar a fertilização in vitro para engravidar com o útero da mãe, caso o transplante seja bem sucedido.

"Decidimos tentar o procedimento porque é a única maneira de minha filha conseguir ter um filho seu, a não ser que ela decida pela barriga de aluguel", disse Ottosson à BBC.

Se o procedimento funcionar, Sara pretende tentar a fertilização in vitro com o esperma de seu namorado. Os óvulos fertilizados serão implantados no útero onde ela mesma foi gerada.

"Ela estava disposta a tentar a adoção mas, quando essa oportunidade apareceu, ela quis tentar. Mas se não funcionar ela ainda irá adotar", afirmou a mãe.

Cirurgia arriscada

Eva Ottosson conta que descobriu sobre o problema de Sara quando ela tinha 16 anos. A jovem descobriu sobre a pesquisa de transplante de útero em Estocolmo, onde mora, e foi chamada a participar dos testes com a mãe.

"Eu disse a ela que para mim parecia um pouco estranho, mas resolvemos tentar", disse.

"Claro que é uma grande cirurgia e é arriscada, mas eu confio neles e acredito que sabem o que estão fazendo."

O ginecologista sueco Mats Brännström, coordenador da equipe de pesquisa sobre o transplante de útero, disse à BBC Brasil que decidiu pesquisar sobre o procedimento após o pedido de uma paciente, em 1998.

"Ela tinha câncer no colo do útero, e me perguntou por que não se faziam transplantes (deste órgão). Por isso que resolvi pesquisar sobre o assunto", contou.

Desde o início da pesquisa, a equipe já realizou transplantes de útero bem sucedidos em ratos, ovelhas e porcos. Agora, testam o procedimento em babuínos, enquanto selecionam possíveis pacientes para a cirurgia em humanos.

"Estamos realizando diversos testes em dez pares de doadoras e receptoras de úteros. Provavelmente quatro ou seis delas serão escolhidas", diz o médico.

Segundo Brännström, Sara Ottosson é uma forte candidata. "O caso dela é interessante, porque já nasceu sem o útero. Como a cirurgia é muito difícil, é sempre melhor operar em uma pelve que nunca foi operada antes."

Tentativa

A primeira tentativa de transplante de útero aconteceu em 2000, na Arábia Saudita, quando uma mulher de 26 anos recebeu o útero de uma mulher falecida de 46 anos. No entanto, a paciente teve problemas com a rejeição do órgão e o útero teve que ser removido 99 dias depois do procedimento.

"Eles foram muito criticados porque haviam feito muito pouca pesquisa antes da cirurgia, foi quase uma experiência com humanos", disse Brännström.

"Achamos que, naquele caso, os principais problemas foram decorrentes da cirurgia, e nós utilizamos técnicas que evitam estes problemas."

Fonte: Uol Notícias - Últimas Notícias 14/06/2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

FAIXA ETÁRIA PARA DOAÇÃO DE SANGUE É AMPLIADA PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Quem tem 16 e 17 anos e idosos até 68 agora também podem doar sangue, segundo novo regulamento técnico do Ministério da Saúde. Com as medidas, a previsão é que aproximadamente 14 milhões de brasileiros sejam incentivados a serem doadores. A portaria 1.353, que estabelece novos critérios para a doação de sangue no Brasil, foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (14).

“Esta portaria reforça ainda as medidas de proteção a quem vai doar, que será bem tratado e acolhido, e estabelece um programa de controle de qualidade dentro dos hemocentros. Com as novas regras, estamos ampliando a proteção a quem vai receber o sangue, tendo regras nacionais claras sobre a captação de doações”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A Portaria 1.353 determina, ainda, que a orientação sexual (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade) não deve ser usada como critério para a seleção de doadores de sangue, por não constituir risco em si própria. Ou seja, não deverá haver, no processo de triagem e coleta de sangue, manifestação de preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, hábitos de vida, atividade profissional, condição socioeconômica, raça, cor e etnia.

Padilha salientou a melhor definição de papéis entre os atores envolvidos na captação do sangue como outro avanço introduzido pela portaria. “A Anvisa vai continuar tendo o papel de fiscalização e de proteção, mas atuando de modo integrado a uma política nacional de sangue e hemoderivados que vai além”, acrescentou.

Novas faixas etárias

A partir desta nova legislação, jovens entre 16 e 17 anos (mediante autorização dos pais ou responsáveis) e idosos com até 68 anos poderão doar sangue no Brasil. Pela norma anterior, a doação era autorizada para pessoas com idade entre 18 e 65 anos de idade.

Com a ampliação da faixa etária para doação, a expectativa do governo federal é ampliar o volume de sangue coletado no Brasil que, atualmente, chega a3,5 milhões de bolsas por ano. Esta quantidade é considerada suficiente; porém, o esforço do Ministério da Saúde é atingir os padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS): cerca de 5,7 milhões de bolsas de sangue por ano. Para o próximo ano, a meta é que o país registre, anualmente, 4 milhões de bolsas.

A ampliação da faixa etária para doação de sangue é baseada em evidências científicas, comprovadas por estudos internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Associação Americana de Sangue (ABB) já havia aprovado que jovens com idade entre 16 e 17 anos e também idosos com mais de 65 anos pudessem doar. Estas novas diretrizes relacionadas à idade dos doadores também já vigoram em países europeus.

“A decisão de ampliar a faixa etária está, ainda, afinada à tendência de crescimento da expectativa de vida da população brasileira”, acrescenta Guilherme Genovez.

Humanização

A Portaria 1.353 estabelece medidas voltadas à humanização nos serviços de hemoterapia a partir da capacitação de profissionais da Rede Brasileira de Hemocentros (Hemorrede). “O objetivo é melhorar a atenção e o acolhimento dos candidatos à doação”, explica o coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez.

Desde 2004, o Ministério da Saúde é responsável por normatizar e coordenar a política de sangue, componentes e hemoderivados no país. A Portaria 1.353 aprimora e substitui a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 153/04, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulação sanitária dos serviços de hemoterapia.

*Vale lembrar que ontem (14/06) foi o Dia Mundial da Doação de Sangue

Fonte: noticias.uol.com.br
14/06/2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE DOAÇÃO DE SANGUE

- Doar sangue engorda ou faz emagrecer?
Ao doar sangue você não engorda nem emagrece.

- Doar sangue engrossa ou afina o sangue?
Não engrossa nem afina o sangue, é apenas um mito.

- Doar sangue vicia?
Não. A doação de sangue não está relacionada a nenhuma dependência.

- É preciso algum documento de identidade?
Sim. O candidato deve apresentar documento original com foto, expedido pelo órgão oficial. Exemplos: Carteira de Identidade (RG ou RNE), passaporte, Carteira de Trabalho, Carteira de Identidade de Profissional, Carteira Nacional de Habilitação com foto e Certificado de Reservista.

- Fiz uma tatuagem há um ano. Posso doar?
Sim. Quem fez tatuagem há mais de um ano pode doar sangue.

- Há substituto para o sangue?
Não. Ainda não há nenhum substituto do sangue.

- O que é sangue universal?
Hoje sabemos que não existe sangue universal. Todas as pessoas têm características diferentes e por isso, quando necessitam de transfusão de sangue, precisamos fazer exames pré-transfusionais independente do grupo sanguíneo do doador e do receptor.

- O que é feito com o sangue que doamos?
Após a coleta, a bolsa coletada é fracionada em componentes sangüíneos (concentrado de hemácias, de plaquetas e plasma). Esses componentes são liberados para uso somente após o resultado dos exames. As unidades que apresentam reatividade sorológica são descartadas. Uma única unidade doada pode beneficiar três pacientes.

- O que é sangue raro?
É um sangue com característica especifica de baixa frequência na população e algumas vezes, pode ser uma característica familiar.

- O que se consegue em troca da doação de sangue?
A satisfação de beneficiar pessoas que não têm outra opção e dependem do gesto de pessoas como você para se sentir melhor.

- Tomei vacina para Hepatite B. Posso doar sangue?
A vacinação para Hepatite B impede a doação por 48 horas.

- A mulher pode doar sangue durante o período menstrual?
Sim.

- Doar sangue dói?
Não.

- O que acontece se uma pessoa que não sabe se está anêmica quiser doar sangue?
O candidato à doação é atendido por um profissional do Serviço de Hemoterapia, que realiza um teste rápido para verificar se o doador está ou não anêmico.

- O que são situações de risco acrescido para se transmitir doenças através da doação de sangue?
Ter múltiplos parceiros sexuais ocasionais ou eventuais sem uso de preservativo, usar drogas ilícitas, ter feito sexo em troca de dinheiro ou droga, ter sido vítima de estupro, ser parceiro sexual de pessoa que tenha exame reagente para infecções de transmissão sexual e sangüínea, ter parceiro sexual que pertença a alguma das situações acima, dentre outras.

- O uso de medicamento pode impedir alguém de doar?
O uso de medicamento deve ser analisado caso a caso. Portanto, antes de doar consulte o Serviço de Hemoterapia.

- Quanto tempo dura a doação?
O procedimento todo (cadastro, aferição de sinais vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta do sangue e lanche) leva cerca de 40 minutos.

- Quanto tempo leva para o organismo repor o sangue doador?
O organismo repõe o volume de sangue doado nas primeiras 24 horas após a doação.

- Quem está fazendo regime para emagrecer ou dieta pode doar sangue?
Sim. Dietas para emagrecimento não impedem a doação de sangue, desde que a perda não tenha comprometido a saúde.

- Quem estiver fazendo tratamento homeopático pode doar sangue?
Sim.

- Quem estiver fazendo tratamento com algum antibiótico pode doar sangue?
Depende do porquê a pessoa está tomando antibióticos. Em linhas gerais, para infecções simples e sem complicações, o doador deve aguardar 15 dias após a última dose do antibiótico para doar sangue. Infecções mais graves como pneumonia, meningite, entre outras, podem necessitar de um tempo maior para liberação do candidato à doação.

- Quem estiver fazendo tratamento com algum anti-inflamatório pode doar sangue?
Dependendo do motivo, a doação pode ser realizada normalmente. Não se esqueça de informar o nome do anti-inflamatório que você esta tomando.

- Quem faz tratamento para acne pode doar sangue?
Depende do tipo de tratamento. Caso o tratamento inclua o uso de antibióticos ou outros remédios de uso oral, não será posspivel doar.

- Quem tomou analgésico pode doar sangue?
Pode, mas é importante que no dia da doação o doador esteja sem dores.

- Grávidas podem doar sangue?
Não. Mas se o parto for normal, a mulher pode doar depois de três meses. Em caso de cesariana, após seis meses. Se estiver amamentando, aguardar 12 meses após o parto.

- É necessário estar em jejum para doar sangue?
O doador não deve estar em jejum. Tem que estar alimentado e descansado, evitar alimentação gordurosa nas quatro horas que antecedem a doação.

- Quem está gripado pode doar sangue?
Recomenda-se aguardar sete dias após a cura para poder doar.

- Quem tem diabete pode doar sangue?
Se a pessoa que tenha diabetes estiver controlando apenas com alimentação ou hipoglicemiantes orais e não apresente alterações vasculares, poderá doar. Caso ela tenha utilizado insulina uma única vez, não poderá doar.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

REGISTRO NACIONAL DE DOADORES DE MEDULA ÓSSEA - REDOME

Quando não há um doador aparentado (um irmão ou outro parente próximo, geralmente um dos pais), a solução para o transplante de medula é procurar um doador compatível entre os grupos étnicos (brancos, negros amarelos etc.) semelhantes, mas não aparentados. Para reunir as informações (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas) de pessoas que se dispõem a doar medula para o transplante, foi criado, em 2000, o Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (REDOME), instalado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Desta forma, com as informações do receptor, que não disponha de doador aparentado, busca-se no REDOME um doador cadastrado que seja compatível com ele e, se encontrado, articula-se a doação.

Doação de Medula Óssea

O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no Redome. Agora há 2 milhões de doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores). A evolução no número de doadores deveu-se aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral. Desde a criação do REDOME, em 2000, o SUS já investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplante de medula óssea. Os gastos crescerem 4.308,51% de 2001 a 2009.

Como é feito o acesso ao REDOME?

O processo é simples e totalmente informatizado. O médico responsável inscreve as informações do paciente, incluindo o resultado do exame de histocompatibilidade ¿ HLA - (exame que identifica as características genéticas de cada indivíduo), no sistema do REREME - Registro nacional de receptores de medula óssea. Imediatamente, a busca é iniciada. Quando são identificados possíveis doadores compatíveis, a informação é logo transmitida ao médico, que junto com a equipe do REDOME, analisa os melhores doadores, faz a escolha, e é dado início aos procedimentos de doação. O doador é, então, convocado a realizar os testes confirmatórios e fazer a doação. A retirada das células para a doação é feita no hospital habilitado mais próximo da residência do doador. Assim que retiradas, as células são transportadas até o centro onde o será feito o transplante.

Quantos hospitais fazem o transplante no Brasil?

São 70 centros para transplantes de medula óssea e 20 para transplantes com doadores não-aparentados: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco, Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), INCA, Hospital das Clínicas Porto Alegre, Casa de Saúde Santa Marcelina, Boldrini, GRAAC, Escola Paulista de Medicina - Hospital São Paulo, Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), Hospital AC Camargo, Fundação E. J. Zerbini, Hospital de Clínicas da UNICAMP, Hospital Amaral Carvalho, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio Libanês.

Quantos transplantes o INCA faz por mês?

A média é de dois transplantes com doadores não-aparentados. Mensalmente são realizados sete transplantes do tipo autólogo (de uma pessoa para si mesma) e com doador aparentado.

O que a população pode fazer para ajudar os pacientes?

Todo mundo pode ajudar. Para isso é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde. Para se cadastrar, o candidato a doador deverá procurar o hemocentro mais próximo de sua casa, onde será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador). Os dados do doador são inseridos no cadastro do REDOME e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas. Saiba mais.

Importante: um doador de medula óssea deve manter seu cadastro atualizado sempre que possível. Caso haja alguma mudança, preencha este formulário.

REDOME / REREME
Rua do Resende, 195, térreo - Centro - Rio de Janeiro / RJ
Telefone do REDOME.: (21) 3207-5238
Telefone do REREME.: (21) 3207-5233 / e-mail: redome@inca.gov.br

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ROTARY CLUB JURUMIRIM RECEBE PRÊMIO POR REALIZAÇÕES SIGNIFICATIVAS

Emerson Lopes de Medeiros - Presidente do RC de Avaré Jurumirim, Wilson Roesener e Rita Roesener Coordenadores da Campanha Doe Órgãos Salve Vidas e José Carlos Miguel Governador do Distrito 4620 do Rotary International.


O Rotary Club de Avaré Jurumirim recebeu o Prêmio do Rotary International por Realizações Significativas. O objetivo do Prêmio do RI por Realizações Significativas é homenagear clubes que implementaram atividades para atender necessidades comunitárias.

O objetivo é incentivar o lançamento de novos projetos e conscientizar os rotarianos da importância de envidar esforços exemplares. O motivo de tal reconhecimento se deve a implantação do projeto da Campanha Doe Órgãos Salve Vidas que se iniciou em julho de 2008 e vem sendo o projeto permanente do clube.

Através do Incentivo e a Conscientização à Doação de Órgãos e Tecidos a Campanha que é desempenhada em parceria com o Grupo Bizungão, o idealizador da mesma e com o qual também queremos compartilhar este momento, objetiva a diminuição da fila de transplante de órgãos e tecidos existentes não só em nossa região mas no Brasil como um todo.

A doação de órgãos é um ato de amor que mesmo depois da morte alguém pode ajudar aos seus semelhantes.

Num passado recente a Campanha também foi reconhecida com o Selo de Organização Parceira do Transplante, concedido pelo Ministério de Estado da Saúde, na gestão do Ministro José Gomes Temporão, através do Sistema Nacional de Transplantes.

O selo é para organizações que se dedicam e prestam relevantes serviços na divulgação do sistema de doação/transplante de órgãos e tecidos no Brasil.

Texto de autoria de Wilson Roesener

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Viver em áreas com muita poluição, como perto de ruas com muito trânsito, dobra o risco de morte entre pacientes submetidos a transplantes de pulmão, publica em sua última edição a revista científica "Thorax".

Uma equipe da unidade de transplantes da Universidad Católica de Louvain (Bélgica) realizou um acompanhamento de 281 pacientes operados em um mesmo hospital de 1997 até 2008 e observou que cerca da metade desenvolveu uma síndrome chamada bronquiolite obliterante, que provoca uma "inflamação severa" causadora de obstrução do pulmão.

Os cientistas levaram em conta em sua pesquisa a distância à qual os pacientes viviam de uma fonte de poluição importante, como uma via muito transitada, para determinar o impacto da poluição na percentagem de sobrevivência após um transplante.

Segundo o estudo, aqueles pacientes que vivem mais perto de uma rua com muito trânsito - a menos de 170 metros - têm o dobro de possibilidades de morrer durante os cinco anos posteriores a uma cirurgia de transplante de pulmão em relação aos que vivem mais afastados de uma fonte de poluição ambiental.

Durante o acompanhamento médico de mais de uma década, 41% dos pacientes (117) desenvolveram a síndrome inflamatória, enquanto 22% (61) morreram.

Os cientistas ressaltaram que gênero, idade e tipo de transplante - de um ou dois pulmões - não modificou o risco de vida devido às complicações derivadas da operação.

Os autores concluíram que um de cada quatro casos de "bronquiolite obliterante", assim como quase 30% das mortes após um transplante de pulmão, podem ser atribuídas à poluição.

Fonte: Uol Notícias - Ciência e Saúde
23/03/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

NOVA TÉCNICA PODE DOBRAR O NÚMERO DE PULMÕES DISPONÍVEIS PARA TRANSPLANTES

Uma nova técnica desenvolvida no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, poderá dobrar o número de pulmões disponíveis para transplantes. O método permite recuperar órgãos que normalmente seriam descartados e usá-los em pacientes.

“O transplante de pulmão em que nós conseguimos apenas uma quantidade pequena de órgãos. De cada dez doadores não vivos de rim, nós conseguimos aproveitar um pulmão”, disse o chefe de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do InCor, Fabio Jatene. Segundo o médico, isso ocorre porque o órgão respiratório deteriora-se rapidamente. “O pulmão é um órgão que se infecta e acumula líquidos facilmente”.

Com o procedimento que foi recentemente aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, vinculada ao Ministério da Saúde, para ser usada em pacientes, Jatene espera que o aproveitamento suba de 10% para 15% e até 20% dos órgãos disponíveis. “A nossa expectativa é quase dobrar [o número de transplantes]”.

Existem hoje 85 pacientes na fila de espera por um pulmão no estado de São Paulo. Jatene disse que no ritmo atual para as cirurgias de transplantes de pulmão, a espera pelo atendimento pode durar três anos. “Anualmente nós perdemos uma quantidade importante de pacientes que não conseguem aguentar um tempo tão longo”.

O médico ressaltou, no entanto, que os pacientes poderão optar por receber um órgão “recondicionado”, ou esperar por um pulmão que esteja naturalmente em boas condições. “Evidentemente que nós vamos informar que o órgão destinado a ele seria um órgão submetido a essa técnica do recondicionamento. Se houver aceitação, será feito [o transplante]”, explicou Jatene.

Fonte: Agência Brasil - 30/05/2011
Matéria de Daniel Mello