Matéria de Daniel Bergamasco
Veja SP - 19 de outubro de 2011
Até o fim do dia, aproximadamente dez pessoas ao redor da metrópole terão recebido um telefonema que mudará para sempre sua vida. Será um médico ou enfermeiro dizendo para que corram até o hospital, deixando para trás a angustiante espera por um novo coração, pâncreas ou outro órgão que poderá libertá-las da convuvência com uma doença grava, em muitos casos letal. Enquanto isso, nas casas ou quartos onde estão outros milhares que precisam de um transplante, resta adiar mais um pouco o prazo da esperança.
No Brasil, a distribuição da fila é organizada por estado. São Paulo possui quase 12700 nomes e, mesmo com os problemas de seu sistema de saúde pública, apresenta marcas elogiáveis nesse tipo de procedimento. Só na capital, o número de operações cresceu 104% entre 2000 e 2010, chegando a 2907 órgãos transplantados, se contabilizados coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas e medula óssea. "São cirurgias incorporadas à rotina dos hospitais, com melhores resultados a cada ano", diz o cirurgião Marcelo Jatene, coordenador do Programa de Transplante Cardiopediátrico do Incor.
Outra boa nótícia é que a taxa de 21,2 doadores por 1 milhão de habitantes registrada no estado no ano passado supera a de países como Austrália (13,8) e se aproxima da dos Estados Unidos (25), ficando bem acima da média nacional (9,9). Colabora para o feito um eficiente esquema de busca de órgãos, com quatro postos de procura na região metropolitana e seis no interior. Das famílias abordadas, 70% aceitam ajudar outras pessoas, na Argentina, por exemplo, o índice é de 53%. É um desempenho considerado bom, que precisa, porém, ser incrementado, para diminuir a aflição de outros que esperam.
Entre nossos muitos centros médicos que fazem o procedimento, como Beneficência Portuguesa, Dante Pazzanese ou Hospital do Rim, Algumas conquistas ganham reconhecimento internacional. O Albert Einstein, por exemplo, tornou-se no ano passado o hospital que mais transplanta fígado no mundo, com 198 cirurgias, à frente da Universidade da Califórnia. O melhor: cerca de 96% das operações feitas ali nos últimos anos foram gatuitas, no ´programa de filantropia local. Aliás, o Einstein se prepara para outro salto no início de 2012, ao lado do Hospital das Clínicas: a implantação do transplante multivisceral, ainda realizado em poucos países do mundo. Mas a maior expressão dos avanços nessa área é vista pelas ruas da cidade. Com medicamentos contra a rejeição que têm reduzido os efeitos colaterais e aparelhor de diagnóstico menos invasivos, que dispensam costes e biópsias para acompanhar a saúde dos transplantados, os pacientes premiados com um novo órgão nunca viveram tão bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário