quarta-feira, 26 de outubro de 2011

DEPOIMENTOS EMOCIONANTES

Os depoimentos abaixo foram publicados na Veja SP do dia 19 de outubro.

A matéria de capa teve como título "A força de um transplante".

O pai, de 65 anos, salvou a vida dela

"Algo que ficou claro após meu transplante de rim, em julho, são as coisas que quero e as que não quero da vida. Sou professora universitária, divido meu tempo entre grupos de pesquisa na USP e aulas que dou na Univale, em Santa catarina. Gosto do que faço, mas não pretendo mais aceitar nenhuma oferta de trabalho, por exemplo, ou ficar tensa em exagero, deixando o bem-estar de lado. Foi num momento de stress que começou a se manifestar minha nefropatia autoimune genética, doença que inflama os rins. Depois de quatro anos de doutorado em comercio exterior, entre São paulo, Paris e Estados unidos, eu estava nervosa com o prazo para terminar a tese. A saúde não ia muito bem, meu corpo inchava. Deixei para resolver isso depois da defesa.

Assim que concluí essa história, passei muito mal, com enjoos e pressão altíssima. O transplante seria a solução. Ao contrário de quem precisa de um coração ou pâncreas, poderia tentar um doador vivo, sem precisar entrar em fila de espera. meu pai, de 65 anos, era compatível, e assumiu a missão. Fiquei nervosa por colocá-lo numa sala de cirurgia, sabendo do risco de vida para o doador (cerca de 1%). Por sorte, ele se recuperou bem. Fiquei mais um tempo internada no Sírio-Libanês, porque o rim dele demorou a se acomodar no meu corpo, talvez por eu ser pequena.

Psicologicamente, é um processo difícil. mas tenho a sensação de que eu precisava passar pela experiência. A vida é muito mais bonita do que eu achava antes."

Dinorá Floriani, 36 anos, com novo rim desde Julho

Força para enfrentar o tratamento.

"Já passava da meia-noite e eu estava dormindo em um quarto da ACTC, casa de apoio no bairro de Pinheiros para crianças cardíacas vindas de outros estados. É um lugar bem legal, mas de vez em quando alguma criança de lá morre, e aí todo mundo fica triste. Cheguei de Goiânia para tentar resolver meu problema de saúde em São Paulo. Uma noite, Deus veio no meu sonho e falou: 'Vitória, arruma suas coisas. O telefone vai tocar. Chegou seu coração'. Acordei assustada. A mãe de uma coleguinha ouviu, fez uma oração comigo e me pôs para dormir denovo. Um pouco depois, às 3 horas da madrugada, ligaramdo Hospital das Clínicas com a notícia: tinham um órgãos para mim. minha mãe parou um táxi na rua. Fomos rápido e, chegando lá, tomei um banho para me desinfetar. Fui sedada. Soube depois que meu doador foi um menino do interior de São Paulo, também com 6 anos. Ele estava brincando de pular no sofá, caiu e bateu a cabeça.

Nossa, eu rezo tanto para Deus guiar a alma dele! essa operação mudou minha vida, e hoje tento fazer coisas normais. Outro dia, até fui a um show do luan Santana, meu ídolo. Como todas as outras meninas, tentei um lugar mais perto do palco, mas minha mãe me fez voltar, porque eu fiquei emocionada. Ainda tenho de tomar muito remédio, injeções na barriga que eu mesmo aplico, porque fiquei diabética. Um mês atrás, tive crise de rejeição das células. sei que pode ser que eu tenha de passar por um novo transplante. Mas eu não fico desanimada com a situação. O que eu tiver de fazer pra viver, não importa se vai doer ou não, vou fazer. meu sonho é cursar faculdade e trabalhar um dia como pediatra."

Vitória Chaves da Silva, 13 anos, com novo coração desde 2005

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