quinta-feira, 22 de setembro de 2011

HOMEM DOA RIM E SALVA VIDA DE EX-MULHER NO MATO GROSSO DO SUL

Maria de Fátima Gomes, 53, pode ter se livrado de uma agonia que já durava duas décadas e encurtou a fila de espera por um rim, nesta terça-feira (20), no hospital da Santa Casa, em Campo Grande. O ex-marido dela, com quem não vive mais junto há 16 anos, doou o órgão à paciente.

A história de Maria de Fátima – homem doar o rim à mulher ou ex-mulher – é única até agora em Campo Grande, segundo a médica nefrologista Thais Vendas, responsável pela cirurgia. Já a mulher doar o rim ao marido é um “fato comum” no Estado, segundo a médica. A especialista disse que o procedimento foi um sucesso e que o doador, Nestor Bezerra da Silva, 60, terá alta nesta quinta, e a ex dele, que recebeu o órgão, na segunda-feira.

Maria de Fátima soube aos 33 anos de idade que era portadora da doença renal policística, a DRP, enfermidade genética que ataca os rins e que tem caráter progressivo. A característica da doença é o surgimento de cistos nos dois rins. Duas irmãs de Maria morreram vítimas desse mal.

Em outubro passado, já sem um dos rins, e seguidas seções de hemodiálises e internações, Maria de Fátima entrou na fila pelo transplante do órgão. Em Mato Grosso do Sul, segundo a médica, ao menos 400 pacientes aguardam pela cirurgia.

A filha de Maria de Fátima, Tatiane Gomes “no desespero”, segundo ela, pegou o telefone, ligou para pai e perguntou se ele doaria o rim a alguém, sem dizer que a paciente era a sua mãe.

Ele concordou de imediato e logo soube que órgão seria transplantado para a ex-mulher, com quem viveu por 19 anos e teve dois filhos. Como recebeu a doação de um parente, Maria não precisou obedecer à regra da fila.

Maria e Nestor não se casaram novamente e hoje vivem em cidades diferentes do interior de Estado. Ela, em Dourados (225 km de Campo Grande), ele, em Maracaju (162 km de Campo Grande). Os dois permanecem internados na enfermaria do hospital da Santa Casa. Nestor Bezerra disse que sua atitude poderia servir de exemplo a outros casos.

Tatiane, a filha do casal, que mora no Paraná e acompanha a estadia dos pais no hospital, disse ao UOL Notícias que é intenção sua e da família em fazer uma “grande festa” assim que a mãe e o pai tiverem alta.

Tatiane disse ainda que logo que acabou a cirurgia e ela pode entrar na enfermaria, perguntou à mãe se havia a possibilidade de o casal reatar o romance. “Só o tempo responde isso, minha filha”, teria respondido Maria de Fátima.

Matéria de Celso Bejarano

Fonte: Uol Notícias - Cotidiano
21/09/2011

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