Pela proposta em estudo na rede norte-americana de órgãos para transplantes, pacientes jovens terão mais chances de conseguir melhores rins que os mais velhos.
A nova política substituiria o atual sistema de ordem de chegada (quem chega primeiro, recebe antes o órgão) e tem o objetivo de oferecer um ajuste melhor entre a expectativa de vida de quem recebe o órgão e a vida funcional do rim doado.
"Hoje, se você tem 77 anos e há a oferta de um rim de 18 anos, vai recebê-lo", disse Richard N. Formica, médico especialista em transplantes da Universidade Yale e membro do conselho que redigiu a proposta.
"O problema é que você vai morrer com esse rim ainda funcionando, enquanto alguém de 30 anos poderia ter ganhado esse órgão e vivido para ver os netos se formando na faculdade."
CLASSIFICAÇÃO
Segundo o projeto em discussão, pacientes e rins receberiam uma classificação por idade, e os 20% dos órgãos e das pessoas mais jovens e saudáveis seriam separados em um grupo. Os melhores rins seriam, então, doados para quem tem maior expectativa de vida.
Os 80% restantes dos pacientes ficariam em outra lista de espera de doadores, e a rede nacional de doação de órgãos tentaria garantir que a diferença de idade entre doadores e receptores não fosse maior que 15 anos.
A proposta não resolve as disparidades geográficas que fazem com que pacientes em Nova York e Chicago esperem por muito mais tempo do que os da Flórida.
Essa distribuição local é resultado não só da preocupação com o fato de que órgãos vindos de locais distantes não cheguem a tempo para a cirurgia, mas também das disputas entre os centros de transplante.
Lainie Friedman Ross, diretora do McLean Center para Ética na Clínica Médica, da Universidade de Chicago, disse se opor à nova política porque "o maior problema é a geografia, e não estão fazendo nada para resolvê-lo".
Ross disse que também se preocupa porque toda política que favoreça pacientes mais jovens com rins de doadores mortos pode reduzir a doação ou redirecionar para os mais velhos rins de doadores vivos, que não são tratados na proposta.
Estabelecer cotas médicas é comum nos Estados Unidos, mas isso em geral é feito extraoficialmente.
Folha de S.Paulo - 28/02/2011
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