quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O SEGREDO DO SUCESSO É ORGANIZAÇÃO E CONFIANÇA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras agências internacionais propagam a adoção do denominado "modelo espanhol". Seu sucesso está na organização, como explica Rafael Matesanz, diretor da Organização Nacional de Transplantes (ONT).
A Espanha é líder mundial na doação e transplantes de órgãos há muitos anos. Hoje a taxa é de 35 doadores por milhão de habitantes, muito acima da média na União Europeia (19 doadores). Entrevista, por telefone, com o diretor da ONT Rafael Matesanz.
swissinfo.ch: A OMS aprovou em 2010 uma estratégia baseada no modelo espanhol para alcançar a autossuficiência. Como o senhor explica a eficácia do modelo?
Rafael Matesanz: Para que haja doadores é preciso que a população seja sensibilizada. Mas isso não é o suficiente. É necessário também ter profissionais bem formados nos hospitais, que coordenam os transplantes, e uma organização capaz de solucionar os problemas que surgem no dia a dia dos hospitais.
 
O modelo espanhol foi introduzido em 1989. Em apenas três anos, a Espanha se tornou o primeiro país do mundo. Essa situação perdura há vinte e um anos. Esses são números espetaculares. Por essa razão é que a OMS o recomenda para melhorar os níveis de doação de órgãos.
swissinfo.ch: O que destaca o modelo espanhol?
R. M.: É não deixar nada à improvisação. Se alguma coisa nos ensinou, é que qualquer melhoria na doação é sempre secundária a um avanço na organização. Parece muito simples, mas a verdade é que custa muito reconhecê-lo, pois se acredita que a doação de órgãos depende do grau de generosidade da população. E isso não é assim.
A porcentagem da população favorável ou contrária à doação não tem nenhuma relação com o número efetivo de doadores. A população pode estar predisposta a doar órgãos, mas se não há um sistema que funcione, isso não se materializa. A palavra-chave do modelo espanhol é a organização.
Embora a Suíça tenha em geral uma das taxas mais baixas de doação de órgãos na Europa, existem diferenças regionais. As demandas por transplantes são mais atendidas nas partes francófonas e italófonas do país. [...]
swissinfo.ch: Quais são os países que mais avançaram nos últimos anos?
R. M.: A maioria adaptou de forma parcial o modelo espanhol. Os que mais se desenvolveram foram Portugal, com um crescimento importante nos últimos anos; a Croácia, que dispõe de um sistema praticamente idêntico ao espanhol com aproximadamente trinta doadores por 1 milhão de habitantes e algumas regiões do norte da Itália como a Toscana, com taxas de doações similares ou, por vezes, até superiores aos da Espanha. Também ocorreram avanços significativos na França e na Bélgica.
No entanto, a América Latina é uma das regiões do mundo que mais está crescendo. Existem países que alcançaram níveis inclusive superiores a alguns países europeus. A Argentina, por exemplo, com 16 doadores por milhão, que é uma cifra superior a da Grã-Bretanha ou da Alemanha. A vantagem do modelo espanhol é que ele funciona praticamente em todo o mundo.
swissinfo.ch: A Espanha aplica o sistema de consentimento presumido, que é diferente do consentimento expresso utilizado, por exemplo, em países como a Suíça ou Alemanha. A vontade de doar deve constar expressamente numa carteira? O senhor considera correto esse enquadramento legal?
R. M.: Não existe um só caso no mundo em que o número de doadores foi elevado através simplesmente de uma mudança de lei. Teoricamente, a lei diz que todo cidadão é doador se não expressou em vida o contrário. Mas na prática, nós sempre consultamos a família do falecido. Entre 15 e 20% das famílias na Espanha recusam os transplantes. Por conseguinte, a doação não é automática.
Meu conselho é que se existe um acordo geral no país para modificar a lei, então é melhor modificá-la. Essa não vai ser uma medida mágica para aumentar as doações, afinal muitas pessoas podem perceber a prescrição da doação como uma espécie de imposição. E às vezes você tem apenas um resultado oposto.
As taxas elevadas de doações não se devem apenas a essa lei. Também havia a falta de um modelo adequado de organização, sem a qual, por mais que se mude a lei, as doações não aumentam.
swissinfo.ch: Com o falecimento de um potencial doador, as autoridades sanitárias espanholas têm o direito de extrair-lhes os órgãos sem que o falecido tenha assinado uma carteira correspondente. Porém na prática a opinião da família é respeitada...
R. M.: Sempre perguntamos a família se ela sabe a vontade do falecido em relação à doação de órgãos? Sempre se respeita a vontade do falecido. Na Espanha jamais foram obtidos órgãos contra a vontade da família. Creio que um só escândalo dessa categoria colocaria em risco todo o programa de transplantes, que se baseia principalmente na confiança.
swissinfo.ch: Será que a opinião pública espanhola está consciente da eficácia do modelo espanhol?
R. M.: O dia em que foi aprovada no Parlamento Europeu em Estrasburgo a diretriz europeia de transplantes, a imprensa espanhola publicava manchetes como "um estranho orgulho nacional". Os espanholes se sentem muito orgulhosos do seu sistema. E isso é precisamente devido ao fato de não ter havido escândalos, que todos confiam que as coisas estão sendo bem feitas, que o sistema é muito eficaz e que é igual para todos. A não discriminação positiva e negativa é algo que tantos os cidadãos, como os profissionais e os pacientes, valorizam bastante.
swissinfo.ch: Na Suíça a fundação Swisstransplant se opõe ao sistema de doação automática, enquanto o governo pondera sobre a introdução de um sistema de consentimento presumido...
R. M.: O melhor é respeitar a opinião da maioria da população. A declaração da Swisstransplant mostra que a população não está muito de acordo com a lei. O mesmo ocorreu na Grã-Bretanha. Essas polêmicas não favorecem em nada a doação de órgãos.
Creio que na Suíça há uma experiência muito positiva: o cantão de Genebra adotou um sistema de coordenadores muito similares ao espanhol. A taxa de doações é sensivelmente superior ao resto da Suíça ou de Zurique, que tem a taxa mais baixa. A Suíça é um país com muitas discrepâncias, que deve mais a diferenças de organização do que diferenças culturais. O tema crucial para aumentar as doações é abordar o tema da organização e estabelecer um sistema de coordenação em todo o país.
swissinfo.ch: Cada ano morrem na Suíça umas cem pessoas, pois a doação não chega a tempo. No ano passado havia 1.116 pessoas na lista de espera. Quantas existem na Espanha?
R. M.: São 5.500 receptores, dos quais 4.500 são de rim e o resto de fígado, coração, pulmão, etc. Esse número diminuiu nos anos 1990 e se manteve mais ou menos estável. A mortalidade dos pacientes na lista de espera se situa entre 5 e 6%. Estamos muito próximos de conseguir a autossuficiência. Cobrimos muito bem as nossas necessidades e os tempos de espera dos pacientes foram bastante reduzidos.
swissinfo.ch: Em comparação, os números da Suíça são relativamente elevados.
R. M.: Sem dúvida que são elevados, mas o conceito da lista de espera não é muito significativo. Se um cirurgião sabe que pode transplantar 50 órgãos não vai colocar 300 pessoas na lista de espera, pois senão morrem 250. As listas de espera não refletem bem as necessidades de determinadas terapias. Se tivéssemos o dobro de órgãos, provavelmente a lista não diminuiria, mas sim seriam incluídas mais pessoas. Esse é o grande drama dos transplantes: as necessidades superam em muito as possibilidades.
swissinfo.ch: Que medidas o senhor recomenda no caso suíço?
R. M.: O problema está principalmente na fragmentação do sistema de saúde. Não é um problema exclusivamente suíço. Ao tentar introduzir um programa nacional em países como Suíça, Suécia e Alemanha, com sistemas de saúde altamente descentralizados, não é tão fácil de organizá-lo. Para funcionar, o país inteiro tem que ir na mesma direção. No caso da Suíça, o ideal seria adotar o sistema de transplante de Genebra e de outras partes da Suíça francófona, onde ele funciona muito bem, para outras regiões onde a situação é diferente. Assim ocorreu na Espanha.
Antonio Suárez Varela, swissinfo.ch
Adaptação: Alexander Thoele
 
Fonte: ADOTE - Aliança brasileira pela doação de órgãos e tecidos
22/01/2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

MÉDICOS NIGERIANOS VÊM AO BRASIL PARA CONHECER CENTRAL DE TRANSPLANTES

Depois dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo país em número de transplantes no mundo.

Médicos africanos estão em São Paulo para aprender como funciona o sistema brasileiro de transplantes de órgãos. Depois dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo país em número de transplantes no mundo.

Dentro de um centro cirúrgico, no Brasil, os médicos ficam mais perto de realizar um projeto grandioso: salvar vidas na Nigéria.

Jacob Awobusuyi e Funmi Omisanjo sabem tratar doenças renais e fazer transplantes, mas isso é raro no país deles. A Nigéria é o país mais populoso da África. Tem 170 milhões de habitantes em um território pouco maior do que o do estado de Mato Grosso. O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU está entre os mais baixos do mundo - o de número 156 em uma lista de 187.

Funmi conta que apenas um centro médico realiza transplantes regularmente na Nigéria, mas é um hospital particular, e a maior parte da população não pode pagar a conta. Por isso os médicos decidiram vir. Em quase todos os estados brasileiros, quando a família concorda com a doação, 100% dos órgãos aprovados nos exames médicos são aproveitados.

“Existe uma solidariedade grande da população brasileira quando abordada. Elas autorizam a doação. Existe uma sintonia muito grande entre os profissionais de saúde que trabalham com transplante que simplificaram todo o programa", destaca José Medina, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.

De janeiro a setembro do ano passado, foram realizados mais de quatro mil transplantes de rim; 1,3 mil de medula óssea; quase 12 mil transplantes de córnea. E 90% são feitos pelo SUS.

O Sistema Brasileiro de Transplantes foi desenvolvido ao longo de décadas, e um dos principais méritos é que ele consegue salvar tantas vidas com uma série de procedimentos simples, que podem ser repetidos em outros países. É esse conhecimento que os médicos nigerianos vieram buscar.

Jacob explica que a estrutura criada no Brasil vai servir de modelo para um sistema público de transplantes na Nigéria. Ele conheceu Jefferson, que acaba de ganhar um rim novo em São Paulo. Jefferson torce para eles terem sucesso. "Que ocorra tudo certo, como ocorreu aqui comigo", deseja.

Para assistir a matéria exibida no Jornal Nacional basta acessar o link:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/01/medicos-nigerianos-vem-ao-brasil-para-conhecer-central-de-transplantes.html

Fonte: g1.globo.com
Matéria exibida no Jornal Nacional, edição do dia 15/01/2013

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CEARÁ ATINGE NOVOS RECORDES DE TRANSPLANTE DE RIM E MEDULA

No ano em que assumiu a posição de segundo estado com maior número de doadores efetivos de órgãos e tecidos do país, o Ceará já registra em 2012 recordes de transplantes de rim e medula óssea. Em transplantes de coração, o Estado tem no ano a segunda melhor marca da história, com 28 transplantes de coração realizados, mais que os 25 de 2009, os 16 de 2010 e os 25 de 2011.

Há 10 anos, a partir de 2003, o Ceará se estabelece como um dos três estados que mais realizam transplantes de coração no país. Ao todo, em 2012, foram realizados 1.217 transplantes de órgãos e tecidos, com os recordes de 282 transplantes de rim, 26 a mais que os 256 de 2011, e de 26 transplantes de medula óssea – foram 17 no ano passado.

Com 140 doadores efetivos de órgãos e tecidos para transplantes até setembro, o Ceará confirmou a posição assumida no primeiro semestre do ano de segundo estado com maior número proporcional de doadores efetivos do país. Por milhão da população (pmp), o Ceará teve 22,1 doadores efetivos, atrás apenas de Santa Catarina, com 25,6 doadores efetivos por milhão da população, 120 doadores em número absoluto. Depois do Ceará aparecem o Distrito Federal, com 20,8 doadores efetivos pmp, São Paulo (19,1) e Rio Grande do Sul (17). Os números são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), divulgado esta semana pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e Tecidos (ABTO).

Fonte: ADOTE - Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos
02/01/2013



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SISTEMA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS É ABALADO POR ESCÂNDALO NA ALEMANHA

Uma investigação criminal foi aberta na cidade de Leipzig, mas analistas alemães dizem que chegou a hora de o sistema passar por uma reformulação total

Será que o sistema de transplante de órgãos da Alemanha precisa de uma revisão? Essa é uma questão que o país está mais uma vez se perguntando após a ocorrência de mais um escândalo envolvendo médicos que ajudaram seus pacientes a furar a fila dos transplantes – escândalo que pode ter consequências significativas para os profissionais de medicina implicados.

Promotores de Leipzig, no leste da Alemanha, abriram uma investigação criminal após alegações de que médicos do hospital universitário da cidade manipularam dados para ajudar seus pacientes a furar a fila dos que esperam por um órgão de doador. Até o momento, dois médicos seniores foram suspensos devido ao escândalo, que entre 2010 e 2012 destinou erroneamente um total de 38 pacientes com problemas de fígado para hemodiálise a fim de reduzir a lista de espera para seus próprios pacientes.

"Essa revelação é um choque para mim", disse Wolfgang Fleig, chefe do setor de Medicina da Universidade de Leipzig. "Até agora, eu acreditava firmemente que nossos procedimentos cumpriam todas as regras".

"Eu não posso colocar minha mão no fogo e dizer que não há dinheiro envolvido", acrescentou Fleig. Ele também ressaltou que acha difícil imaginar que o motivo principal da fraude tenha sido suborno, uma vez que ele conhecia pessoalmente os médicos e os pacientes envolvidos. "Fazer ou não a opção pela diálise para determinado paciente requer apenas um clique no computador", disse Fleig.

Comissão independente

Seja qual for a verdade por trás da situação, esse caso recente coloca mais uma vez sob escrutínio a supervisão das listas de espera por transplantes. Vários escândalos semelhantes vieram à luz em 2012, incluindo casos em clínicas de Göttingen, Munique e Regensburg. Também houve o receio de que esses escândalos pudessem reduzir ainda mais a já diminuta disposição dos alemães em se inscrever como potenciais doadores de órgãos. Estima-se que uma pessoa morra na Alemanha a cada oito horas devido à falta de um órgão de doador.

Embora um porta-voz do Ministério da Saúde da Alemanha tenha insistido que: "Os mecanismos de fiscalização, monitoramento e controle funcionam", os críticos argumentam que não há regulamentação governamental suficiente para as listas no país.

Johannes Singhammer, membro da União Social Cristã, da Bavária, partido-irmão da União Democrata Cristã da chanceler Angela Merkel, pediu para que as atuais diretrizes relacionadas a transplantes de órgãos da Associação Médica Alemã sejam inseridas na legislação alemã. "Só dessa forma será possível aplicar sanções", disse ele.

Atualmente, a responsabilidade pelo sistema de doação de órgãos é dividido entre quatro organizações: a Fundação de Transplante de Órgãos da Alemanha (responsável pela doação dos órgãos), a Euro Transplante (que distribui os órgãos), os próprios centros de transplantes e uma comissão da Associação Médica Alemã (que define as diretrizes para os transplantes).

O ministro da Saúde da Alemanha, Daniel Bahr, criou uma comissão independente de médicos, de especialistas em ética e de advogados para analisar a questão. Muitos médicos, no entanto, são resistentes ao que eles veem como interferência externa por parte de não médicos em uma decisão clínica.

O presidente da Associação Médica Alemã, Frank Ulrich Montgomery, disse ao diário Tagesspiegel, de Berlim, que o sistema de transplante de órgãos alemão "provavelmente nunca foi tão seguro e protegido contra fraudes quanto agora" e afirmou que os casos de Leipzig, apesar de precisarem de investigação, eram exclusivamente "casos do passado".

Analistas dos principais jornais nacionais da Alemanha trataram sobre o tema.

O "Frankfurter Allgemeine Zeitung", de centro-direita, publicou:

"O dano causado por essas fraudes é imenso. E, obviamente, isso não é válido apenas para os pacientes enganados e que faziam parte da lista de espera de órgãos de doadores. Isso também vale para todos os pacientes que se sentem literalmente impotentes. E vale ainda para os doadores, cuja desconfiança cresce a cada caso de manipulação. O número de doadores de órgãos começou a diminuir no ano passado, assim que os primeiros casos de fraude se tornaram públicos. E, por fim, mas não menos importante, tais casos também prejudicam os médicos do setor de transplantes, cuja própria área de especialização foi mergulhada em descrédito. E a diminuição da confiança na maneira como fígados, corações e rins são tratados prejudica a reputação de todos os médicos. Dessa forma, o combate a esse crescente dano à imagem dos médicos é, cada vez mais, do interesse deles mesmos".

O "Süddeutsche Zeitung", de centro-esquerda, publicou:

"O sistema de doação de órgãos depende da confiança absoluta de que os órgãos doados são distribuídos de forma justa. Violações tem que ter consequências. Assim, é ainda mais trágico que os esforços para esclarecer um caso de fraude em uma clínica de Munique não tenham avançado. É sabido desde a primavera que dados de pacientes dessa clínica eram manipulados para melhorar suas chances de conseguir um órgão. Vários funcionários sêniores da clínica provavelmente sabiam do problema – ou deveriam saber. O problema continua devido à falta de consequências para os responsáveis envolvidos".

"Nos Estados Unidos, centros de transplante perderam suas licenças devido a violações muito menores. Um sistema como esse também deveria ser introduzido aqui na Alemanha".

O esquerdista "Die Tageszeitung" publicou:

"É muito possível que a manipulação ocorra praticamente em todos os lugares. As únicas perguntas realmente importantes são: quão ampla é a manipulação, que tipo de órgãos estão envolvidos e quão pérfida é a fraude. Esclarecer essas questões depende da quantidade de recursos que o Ministério Público, a Associação Médica Alemã, as empresas de planos de saúde e o governo federal estão dispostos a disponibilizar".

"Seria errado condenar o transplante de órgãos em si. Para muitos pacientes, o transplante continua sendo a única terapia possível e adequada. A questão se resume à definição de novas regras para a distribuição dos órgãos com o intuito de estabelecer controles de qualidade adequados e de reduzir a concorrência entre os centros de transplante por meio fechamento de alguns deles".

O conservador "Die Welt" publicou:

"O sistema de transplante de órgãos na Alemanha está sujeito à manipulação, pois ele é extremamente insatisfatório quando todas as regras são seguidas. Isso tem muito a ver com a enorme lacuna entre a procura e a oferta, entre o baixo número de órgãos doados e o número muito maior de pacientes necessitados. Os próprios pacientes são os que mais sofrem com essa discrepância. Mas a situação também tem consequências para os médicos. É extremamente difícil para eles incentivar quem necessita de um transplante a ser paciente e, ao mesmo tempo, testemunhar o sofrimento deles".

"Vamos ser claros: o sistema de transplantes é insuportável para todos os envolvidos. Esse fato – e não a ganância ou a falta de caráter dos envolvidos – é o que alimenta as fraudes. Mas isso também significa que o sistema de auto-administração compartilhado entre médicos, clínicas e empresas de planos de saúde não é capaz de evitar que violações ocorram. De fato, um requisito para o sucesso da auto-administração é um sistema que funcione razoavelmente bem. Mas distribuição de órgãos não funciona principalmente devido à discrepância entre a oferta e a procura. E é por essa razão que a tarefa de monitoramento do sistema deve ser retirada das mãos dos médicos e entregue a uma autoridade neutra".

Fonte: Der Spiegel - Uol Notícias
04/01/2013