BRASÍLIA - O Ministério da Saúde quer incentivar hospitais a realizarem mais transplantes de coração, pulmão, fígado e rim, os chamados órgãos sólidos. Para isso, vai aumentar em até 60% os repasses para esse tipo de procedimento, além de bancar a internação de pacientes transplantados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e reajustar a tabela de transplante de rins. Estão na fila de espera 27.827 pessoas em todo o país, sendo que 70% delas — 19.486 aguardam um rim.
As medidas constam em portaria que será assinada nesta quinta-feira pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, o custo adicional este ano ficará em R$ 217 milhões. O dinheiro irá para até 143 hospitais.
Com esses incentivos, vamos estimular mais hospitais a fazerem transplante de rim, coração, pulmão. E envolvê-los na captação de órgãos — resumiu Padilha na quarta-feira.
O Brasil realizou 23.397 transplantes no ano passado. Mais do que o dobro dos 10.428 procedimentos executados em 2001. Cirurgias de córnea representaram 62% do total, nada menos do que 14,8 mil. Já os transplantes de pulmão não passaram de 49; os de pâncreas, 54; de coração, 159; e de rim, 4.939.
Queremos ajudar os hospitais que assumem a responsabilidade de fazer transplante em pacientes mais graves — disse Padilha.
Segundo ele, um dos obstáculos para a expansão do serviço é o alto custo de internação dos pacientes transplantados. Quem recebe um novo coração ou pulmão costuma ficar períodos mais prolongados na UTI, encarecendo o tratamento. Pensando nisso, o ministério passará a remunerar os hospitais pela internação desses pacientes em UTI, a exemplo do que passou a fazer no ano passado com vítimas de infarto e derrame cerebral.
Muitos hospitais reduziam o número de transplantes de casos mais graves, porque tinham custo adicional na UTI. Não ampliavam o número de transplantes de pulmão, de coração, em que existe a necessidade de período mais prolongado na UTI — afirmou o ministro.
O investimento federal em transplantes tem crescido, de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2003, foi de R$ 327 milhões, valor que alcançou R$ 1,3 bilhão em 2011.
Segundo Padilha, os pagamentos adicionais previstos na portaria serão proporcionais à variedade de transplantes realizados. Hospitais que fazem quatro transplantes de pelo menos quatro tipos de órgão ganharão 60% a mais; o acréscimo será de 50% para unidades que fazem três tipos de transplante; 40% para dois tipos; e 30% para um.
O ministro disse que o governo quer reduzir o tempo de espera na fila para transplantes. Segundo ele, a fila diminuiu 23% em 2011, em relação a 2010. O ritmo de redução foi menor, porém, nos casos de transplante de rim e coração. No de pulmão até aumentou ligeiramente. O Ministério da Saúde não informou qual é o tempo médio de espera por órgãos hoje no país, lembrando que esses prazos variam de estado para estado, conforme os critérios de seleção adotados nas respectivas centrais de transplantes.
Em outra frente, o ministro afirmou que é preciso ampliar também a doação de órgãos, o que já vem ocorrendo, segundo ele. Em 2011, o país ultrapassou a marca de 10 doadores por milhão de habitantes, atingindo a marca de 11,4 doadores por milhão de pessoas. Essa taxa era de apenas 5, em 2003. A meta do ministério é chegar a 15.
fonte: http://www.oglobo.globo.com/
26/04/2012